sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

PRA COMEÇAR 2011


Pra mim, o ano velho terminou com uma linda lição. De repente, surge uma garotinha à porta da Secretaria de Assistência Social. “Eu posso falar com o Auro Maia?” pergunta. Rapidamente, ela é convidada a entrar e, com desenvoltura, expõe os motivos de sua visita. “Olha o assunto é muito sério. Sério mesmo! Minha tia tem grave problema de visão. É miopia sabe...”
    
Em poucos instantes, a menina de apenas 11 anos de idade relatou a história da tia e a luta para conseguir o encaminhamento através do serviço público.  “Olha, faz um ano que ela está tentando e não consegue e agora disseram que não vai ter jeito. Quando minha tia me falou sobre o problema eu prometi que iria ajudá-la e que isso não iria ficar assim”.
     
No decorrer de sua fala, ela faz uma revelação: “Sabe, eu tenho um grande sonho, estudar numa escola particular”. “Bom, mas o senhor vai ajudar a resolver o problema da minha tia?”. Respondi que a assistente social iria fazer uma visita e os encaminhamentos possíveis para atendê-la. “Mas quando é que o senhor vai me dar uma resposta”. “Hoje mesmo visitaremos sua tia, qual é o telefone da sua casa?”. E ela me passou o número de um celular: “É meu celular, é feinho, mas é meu”. “Bom então eu vou ficar aguardando um retorno seu”. E saiu sozinha, caminhando como uma pessoa que tem uma clara visão de cidadania. 
      
Juliana e eu ficamos impressionados com a capacidade de argumentação e o conhecimento daquela criança. É raro ver até num adulto tamanha clareza, firmeza e convicção. Na correria da vida, nós adultos tantas vezes deixamos de acreditar em nós mesmos, nos nossos sonhos e somos tentados a desistir. Ainda mais no cansaço do final de ano. E a garotinha veio trazer o recado: “Não importa o tamanho do problema é preciso fazer de tudo para resolvê-lo”. 
      
2011 bate a nossa porta como uma criança ansiosa por tornar melhor a vida de todos. Cabe a nós receber o Ano Novo sem temor, sem receio de lutar e ir, seja aonde for, para alcançar esse objetivo. Nós cidadãos, independente da posição que ocupamos na sociedade, precisamos procurar os meios necessários para que possamos solidária e coletivamente viver melhor, conscientes de que, se cada um fizer a sua parte, muito será possível. Nós, representantes do Poder Publico temos por obrigação ouvir, avaliar, correr atrás para resolver. Afinal de contas, é para servir que estamos no poder.
      
O cansaço do ano que termina faz parte do passado, algumas pendências, dificuldades previstas, tudo parece ameno, novas possibilidades surgem e o mais importante é que é preciso continuar, realizar nossos sonhos, porque a qualquer hora uma criança vai bater à nossa porta: “Posso falar com o senhor? O assunto é muito sério...”
     
Seu nome? Tainara. Por curiosidade busquei o significado: “De origem indígena, variante de Taiguara. O Liberto. Muita compaixão e amor pra dar, é capaz de passar a vida fazendo o bem pelas pessoas, chega até a se esquecer que também é uma pessoa que pode precisar de receber ajuda e amor”. Imagine se todo mundo pudesse ser Tainaras e Taiguaras.
      
Lembrei-me das músicas do Taiguara, cantor e compositor, símbolo da resistência à censura durante a ditadura militar. “Lá onde eu estive o sonho acabou, cá onde eu te encontro só começou. Lá colhi uma estrela pra te trazer, bebe o brilho dela até entender que eu preciso, eu preciso de você. Nós precisamos sim, você de mim, eu de você”. Teu sonho não acabou, linda música, bom pra começar 2011. Por que o sonho das crianças não pode acabar!   

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pra terminar 2010



Natal 2010. Joguei fora a vaidade, botei uma dessas roupas de Papai Noel e saí, com o amigo Chiquinho, distribuindo presentes. Como é bonito sentir a alegria das crianças ao ver o “Bom Velhinho”. Era menino saindo correndo das casas, fazendo os pais pararem o carro só pra ver de perto o velho de barbas brancas. Sorrisos sinceros, quantos abraços apertados! De repente, uma senhora pergunta se fazíamos entrega no dia de Natal.  
   
Respondi que não, que aquele passeio na véspera era só uma brincadeira. Chiquinho, na sua natural solidariedade, perguntou onde era. E já estávamos com o primeiro endereço de entrega para a Noite de Natal. Numa esquina do bairro Santa Luzia, duas meninas entregaram suas cartinhas: “Papai Noel, meu sonho é ganhar uma linda boneca”. Durante três horas, andamos pelos bairros, visitando crianças e amigos num gostoso clima de festa.
    
Chega o Dia de Natal. Durante a tarde acompanhei Abelardo, na Associação dos Moradores do Jardim Canadá e Itália, na entrega dos presentes. Eram crianças e presentes que não acabavam mais. Carro som na frente, Luiz Barbara, levava Luciano como Papai Noel. Que festa!
     
À noite, tempo de cumprir os compromissos. Desta vez, minhas filhas me acompanharam nas visitas. A criançada corria, puxava a barba pra ver se era verdade. Visitamos Leidhy, que acolhe em seu lar seis crianças vitimas de abandono. Na rua era o alvoroço da meninada. Em cada porta uma criança, uma paradinha do Papai Noel. Bati à porta da residência de uma idosa amiga, que sem entender o que se passava, me  abraçava dizendo: “Pelo menos alguém se lembrou de mim”. E no abraço carinhoso sentia-lhe as lágrimas descendo. Na casa do lado, as crianças saiam correndo, na casa da esquina, uma menininha, bem pequeninha, se mandou pra debaixo da cama. Chegamos à casa dos pedidos de boneca. Aí um problema: recebemos apenas duas cartinhas, mas na varanda da casa eram muito mais crianças. Enquanto chamamos as duas pelo nome, o restante escrevia mais cartas. “Corre que dá certo!”
      
Um pouco mais à noite, Chiquinho recebia uma família carente para cear em sua casa, e Ednardo foi o ajudante nas entregas. Tínhamos que cumprir mais compromissos firmados na noite anterior. Horário combinado, presentes na mão, a porta se abre, olhinhos brilhantes, a garotinha diz, num lindo sorriso: “É Papai Noel!” E de repente estávamos ali fazendo parte da festa de uma família que nunca tínhamos visto antes. Depois, o telefone toca e era outra encomenda. Desta vez, um garotinho que fez a festa.       
        
Tive que sentar com ele e brincar. No mundo daquelas crianças tudo era verdade, era paz, sinceridade. No dia seguinte fiquei surpreso. Aqueles olhinhos puros, a inocência e alegria de cada criança, a lágrima do idoso, tantos sentimentos bons inundaram minha alma e permaneceram comigo. Esse era o meu precioso presente, verdadeira lição pra que eu pudesse aprender o sentido do Natal.
      
E o aniversário de Jesus tinha que ser coroado. À noite fui com Susana, minha esposa, no culto dominical da Primeira Igreja Presbiteriana de Passos. Gosto de ir aos cultos ali, pois, mais que orações, sinto a presença do Cristo em cada música, em cada mensagem, no jeito diferente de falar com Ele que aquela comunidade tem. Desta vez, foi um verdadeiro espetáculo artístico de música, dança e teatro. “Picadeiro”, espetáculo apresentado pela “Cia das Artes” levava a mensagem de Jesus, o grande presente de Deus, que veio ao mundo para que todos nós tenhamos vida, sejamos iguais, sem discriminação, sem ódio, sem preconceito. 


Vem aí o réveillon! Vou vestir de coragem para transformar estruturas e ter como ajudantes a fé, o amor, a esperança, pra ser criança de novo e com pureza, alegria e sinceridade tornar o ano realmente novo.

    

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Se o Natal Não Fosse Um Dia

Tudo seria bem melhor se o Natal não tivesse sido transformado nessa exploração social e econômica que nos faz esquecer a realidade do menino Jesus que nasceu pobre "envolto em panos e deitado numa manjedoura" (Lc 2,20), e nos curvarmos à ganância do lucro, lógica de um sistema que nos afasta cada vez mais do Deus que se fez homem e veio justamente para destruir o egoísmo, a hipocrisia e a injustiça.

Se o Natal não fosse um dia, não precisaríamos revelar, no fim do ano, o amigo oculto, pois os amigos seriam visíveis, verdadeiros e transparentes. Estariam a nossa espera a qualquer momento, e em vez de trocar presentes, trocaríamos bens que não podem ser vendidos, nem comprados, como o companheirismo e a fraternidade. Seriam dispensáveis os cartões de Natal se vivêssemos no dia-a-dia, as mensagens que neles propagamos. Nossas atitudes seriam os melhores votos e felicitações. 

Se o Natal não fosse um dia, os corais entoariam cânticos para acalentar o Cristo Salvador que nasceria todos os dias nos corações humanos. Não haveria necessidade de pisca-piscas e enfeites, se deixássemos que a luz de Deus entrasse o ano todo em nossas casas, nosso trabalho, nosso viver. Tería­mos um brilho diferente se estivéssemos sempre aber­tos para que a sabedoria divina governasse nossas vidas, nossa cidade, nosso país. 
   
Se o Natal não fosse um dia, não existiriam as ceias em que alguns bebem, comem e vomitam para comer mais enquanto milhões morrem ao ano por não ter nada para comer. Não haveria campanhas do Natal para os pobres. Esmolas seriam desnecessárias. Nem os ricos precisariam sair pela perife­ria doando as sobras de suas fartas ceias. Todos se sentariam à mesma mesa, partilhando o "Pão Nosso de cada dia", os bens da terra, os frutos do trabalho. 
   
Se o Natal não fosse um dia, nos envergonharíamos ao contemplar no presépio, Jesus na manjedoura, enquanto durante o ano todo viramos o rosto para tantos que nascem e vivem na pobreza. Não encontraríamos tantos Josés e tantas Marias expulsos de sua terra, sem um chão para plantar ou colher, enquanto alguns senhores não sabem o que fazer com tanta terra concentrada nas mãos.
    
Se o Natal não fosse um dia, não assistiríamos passivamente o extermínio de tantas crianças, jovens e adolescentes, vítimas das drogas. Não se mataria para roubar ou para sobreviver, se vivêssemos o Natal todos os dias do ano, se nos considerássemos irmãos.
   
Se o Natal não fosse um dia, meu irmão, Geraldo Augusto, você e tantos outros que foram assassinados pela perversidade desse sistema, certamente estari­am aqui, vivendo mais um dia em que o presente seria o abraço fraterno e igualdade. 
    
Se o Natal não fosse dia, não nos limitaríamos a lavar nossas mãos e dizer, como Pilatos, que nada temos a ver com tudo isso.      


Natal não é um dia, é um renascer constante que acontece em gestos e atitudes e nos faz lembrar, como o poeta, que fomos feitos "para a esperança no mila­gre, para a participação na poesia, para ver a face da morte. De repente, nunca mais esperaremos... Hoje a noite é jovem, da morte, apenas nascemos imensa­mente".
    
Jesus nasceu, morreu e ressuscitou. E você vai continuar aí parado? Corra, dê um abraço, perdoe e deseje Feliz Natal, mas viva essa realidade durante todos os dias do Ano.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

IV Feira Sul Mineira de Economia Solidária: Integração e Fortalecimento



É difícil descrever a emoção que tomou conta de todos, expositores, visitantes e apoiadores,  durante os quatro dias da IV Feira Sul Mineira de Economia Solidária realizada na Praça Geraldo da Silva Maia em Passos. Repleta de tendas vermelhas, a praça se tornou uma aldeia onde reinou o espírito de solidariedade, calor humano e integração que, na prática, traduz os princípios da economia solidária.
   
Esse ambiente era tão bom, que o pessoal que chegava de longe para expor seus produtos, vindos das associações de artesãos de Varginha, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Andradas, Carmo do Rio Claro, Itajubá, Caldas, Formiga, Santa Rita do Sapucaí, São José da Barra, Lambari, Conceição do Rio Verde, Areado, Fortaleza de Minas, Alfenas e Boa Esperança e produtos da agricultura familiar de Córrego Fundo e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Guapé e Campo do Meio, quis antecipar o inicio da Feira para a tarde do dia 09. Na manhã do dia seguinte todos estavam lá, na Casa da Cultura, para a oficina de capacitação que despertava a vontade de se formar uma base solida para quem faz a economia solidária. Na praça, as pessoas que já aguardavam a reabertura das barracas. A Abertura oficial acontecia com a apresentação da garotada do Capp, Centro de Aprendizagem Pro-Menor de Passos. Um verdadeiro show cultural. 
    
O ir e vir das pessoas visitando as tendas, apreciando o belíssimo artesanato do sul de Minas era mesmo impressionante. Tudo muito lindo e de qualidade. Todos os expositores elogiavam a hospitalidade do povo passense. Cada pessoa que visitou levou a melhor impressão da hospitalidade passense. Tudo foi perfeito: atendimento, hospedagem, alimentação, transporte e sonorização. 
       
No calorão dos quatro dias, em que a chuva deu uma trégua para que a feira acontecesse, o que não faltou foi água para o pessoal das tendas. A Equipe da Secretaria Municipal de Assistência Social fez plantão na praça para que nada faltasse.  As barracas de Pastel, Pamonha, Pão de Queijo e Doces compuseram a Praça de Alimentação e ficaram lotadas. Os brinquedos, os outros produtos que sempre ficam ali na praça completavam o lazer das crianças e da família.  Nada foi alterado e  a harmonia tomou conta da Praça do Rosário. As famílias podiam passear sem preocupação. Pais e filhos, amigos se encontrando, sorriso no rosto, paz no coração. A praça voltou a ser.
      
As apresentações culturais foram o show à parte. Brilhante abertura com a garotada do Grupo de Dança Space Dancy e demais alunos do CAPP (Centro de Aprendizagem Pró-Menor de Passos). A dupla sertaneja Bruno César e Tiago, grande revelação passense. Babe Grilo fez uma bela apresentação da mais genuína Música Popular Brasileira. O Grupo de Seresta Nossa Senhora da Penha encantou e emocionou a platéia dando um verdadeiro show com quase duas horas de seresta. Alex Souza (cantor passense) e Diko Califórnia (artesão e cantor) de Pouso Alegre, o Terno de Moçambique da Coroa do Menino Jesus e a Folia de Reis da Coroa de São Benedito representando o folclore e encerrando a Banda Abduz Idduz fez o show da tarde com muito pop rock da maior qualidade. 
      
Foram realizadas duas oficinas de capacitação abrangendo o conceito, organização legal de empreendimentos, centro publico de economia solidária. As oficinas foram organizadas pelo IF Sul de Minas, Sebrae e Fórum Sul Mineiro de Economia Solidária.  Indicações importantes como a estruturação das regionais do Fórum Sul Mineiro, (Itajubá, Pouso Alegre, Alfenas, Poços de Caldas, Varginha e Passos), a realização de Feiras Regionais, a necessidade de promover  formação e capacitação,  implantação das leis municipais, a participação no Conselho Estadual e no movimento nacional, mostram que a Economia Solidária saiu fortalecida.

Algo novo e diferente



Muita gente ainda não conseguiu perceber, outros ouviram falar e não  se importaram,  muitos até pensam que é fácil falar, mas acham muito difícil executar, colocar em prática.Há os que dizem que é coisa de igreja progressista, outros falam que é coisa de comunista.
    
Há os que acreditam na proposta e abraçam. São aqueles que se opõe ao individualismo e a competição desenfreada e  insistem em valorizar os princípios da coletividade, transparência e solidariedade. Essa gente não se entrega nunca e faz acontecer a economia solidária.
    
Paul Singer diz a “a economia solidária é uma utopia, é um sonho que nós temos sonhado há duzentos anos, é uma idéia de uma sociedade de iguais. Há duzentos anos pelo menos, grandes intelectuais, filósofos, empresários e lideranças populares viveram e morrem para uma sociedade de iguais, democrática no sentido de os direitos  de todos serem iguais, mas que haja igualdade econômica, igualdade social. A proposta da economia solidária é aplicar isso à economia”. 
    
"Eu tenho um sonho..de que um dia minhas quatro crianças pequenas viverão numa nação onde eles não serão julgados pela cor da sua pele mas pela essência do seu caráter.", discursava Martin Luther King. Naquele momento, o que estava em jogo, na luta entre o Norte anti-escravista e o Sul escravagista, era a possibilidade, ou não, de uma sociedade estabelecida nos princípios da igualdade poder sobreviver na terra. Era a economia solidária aplicada à vida. 
     
A economia solidária é representada por um conjunto de iniciativas inspiradas em valores humanos que coloca o ser humano como sujeito no processo da vida e da atividade econômica, em vez da acumulação de capital. Isso pressupõe mudanças importantes no mundo do trabalho, incentivando a igualdade, a democracia, a cooperação a solidariedade e a qualidade nas relações no trabalho. Compreende uma grande diversidade de práticas econômicas e sociais - de produção, distribuição, finanças, trocas, comércio, consumo, poupança e crédito - organizadas sob a forma de autogestão.
     
No mundo em que vivemos milhares de pessoas procuram garantir a sua sobrevivência através do trabalho coletivo, sem destruir a natureza, sem o excessivo consumismo. No campo ou na cidade eles fazem a economia solidária. Na minha cidade, um grupo de catadores de materiais recicláveis se uniu e criou a Cocares, associação dos catadores. Artesãos, agricultores, apicultores, costureiras, cada grupo em sua categoria vai se juntando para fazer algo novo e diferente. Minas Gerais prepara em dezembro deste ano, a realização de 10 feiras regionais de economia solidária. No pais, o Fórum Brasileiro de Economia Solidária articula o grande movimento que se constitui como alternativa ao desemprego gerando renda e cidadania. 
     
Nos dias 10,11 e 12 de dezembro, em Passos, a Praça Geraldo da Silva Maia, popular Praça do Rosário, vai se transformar na 4ª Feira Sul Mineira de Economia Solidária. Essa gente que sonha e faz o sonho acontecer, gente que muitas vezes fica esquecida pelos cantos, nos bairros, sem oportunidade. Essa gente vai mostrar o que faz e se capacitar para fazer melhor. O local da Feira foi escolhido por eles mesmos, pelos artesãos, pelos economistas solidários. Novos projetos, novas experiências, novas oportunidades, algo de novo e diferente vai acontecer. Uma nova semente será lançada e, cultivada com solidariedade, vai crescer, gerar novas consciências.

Casa Lar e Famílias Acolhedoras



 “A criança e o adolescente tem o direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais publicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”
    
A efetivação das políticas sociais não é tarefa simples. Depende de vontade política, estudos técnicos, preparação, de uma burocracia danada e de muita dedicação e amor. O final de 2010 traz para a Secretaria Municipal de Assistência Social a oportunidade de iniciar a efetivação de duas modalidades de abrigamento provisório de crianças e adolescentes que são a Casa Lar e Família Acolhedora. 
   
A Casa Lar será uma residência comum, com mães sociais e auxiliares que cuidarão das crianças e adolescentes acolhidas. As Famílias Acolhedoras também são famílias comuns, cadastradas, selecionadas e preparadas para receber crianças e adolescentes que tenham seus direitos ameaçados ou violados, que estejam em situação de risco social ou familiar.
     
Diferente do tradicional abrigo, a Casa Lar deve receber um número limitado de crianças e adolescentes de maneira que o acolhimento seja o menos traumático possível. O fundamental é que a criança e o adolescente percebam que estão vivendo num lar onde os laços afetivos, carinho, aconchego prevaleçam.  É muito fácil entender porque a nossa Constituição destaca a criança e melhor. 
    
É comum receber, quase que diariamente, denuncias de crianças e adolescentes que são vitimas de abandono, abuso e negligência familiar. No entanto, a ação para acolhê-los e protege-los dessa situação deve ser imediata. A partir do momento em que governo e sociedade abraçam a causa da criança e do adolescente protegendo e garantindo condições dignas de existência é possível promover um presente e um futuro melhor. Somente a ação preventiva pode evitar a existência de menores e adultos infratores.
    
A Família Acolhedora é uma família que acolhe, na sua própria residência, uma criança vitima de abandono ou em risco social. Esse acolhimento deve ser aceito por todos os membros da família e deve atender a criança em todos os aspectos: legais, de saúde, higiene, alimentação, educação, lazer, vestuário, de modo a estabelecer um vinculo positivo que ajude a criança a se sentir cuidada e amada.
    
Tanto na Casa Lar quanto na Família Acolhedora existe uma equipe técnica de apoio com profissionais (assistente social, psicólogo, advogado) que dão suporte à criança, ao adolescente, às famílias que acolhem e às famílias de origem.
    
Neste momento a Secretaria Municipal de Assistência Social está dando prosseguimento às etapas de implantação da Casa Lar e Família Acolhedora. Primeiro foi a aprovação da Lei Municipal, definido o local, divulgado o processo seletivo para contratação das mães e auxiliares que trabalham na Casa Lar, formação, estudo e preparo da equipe técnica, divulgação do projeto e seleção das famílias acolhedoras. Cada passo já está sendo tomado pela Equipe da Secretaria de Assistência Social para que em dezembro nossas crianças tenham garantido o sagrado direito da proteção social.

Projeto de Vida

“As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas. Ame-as mesmo assim. Se você tem sucesso em suas realizações, ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos. Tenha sucesso mesmo assim. O bem que você faz será esquecido amanhã. Faça o bem mesmo assim. A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável. Seja honesto e franco mesmo assim. Aquilo que você levou anos para construir pode ser destruído de um dia para o outro. Construa mesmo assim. O pobre tem verdadeiramente necessidade de ajuda, mas alguns podem ofendê-lo se você os ajudar. Ajude-os mesmo assim. Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo, você corre o risco de se machucar. Dê o que você tem de melhor mesmo assim. Veja que no final das contas, é entre você e Deus. Nunca foi entre você e as outras pessoas”.
    
Às vezes, quando assisto a um filme, leio um livro ou uma poesia, gosto de compartilhar as cenas e frases que ficam na memória. Hoje à noite, reuni a família para assistir a vida de Madre Teresa de Calcutá. Que belo exemplo de abnegação e dedicação aos mais pobres dos pobres. Se fossem se deixar levar pelo pensamento da maioria, se fossem desistir nas primeiras dificuldades, se fossem aceitar as intimidações dos preconceituosos, pessoas como Madre Teresa nunca teriam levado adiante os seus projetos. Mas a grande a verdade é que todas as ações que fogem dos padrões individualistas da sociedade comum, sempre são taxadas de interesseiras e vistas como sendo promoção pessoal. Pior ainda é quando envolvido nessas ações existe alguém que exerce uma função política.
     
As pessoas desconfiam, julgam e denunciam. Pode até parecer que não, mas é natural que alguém que você tenta ajudar, leve você à justiça comum. Portanto quem se dispõe a ajudar alguém não pode ter medo do que os outros dizem nem se intimidar com as forças contrárias. Para alguém que se propõe a fazer o bem comum não existe tempo para o medo ou dúvida. O importante é fazer! 
     
Uma das cenas marcantes de “Madre Tereza” foi a repercussão da descoberta de  uma grande doação em dinheiro que seu orfanato recebeu veio de um empresário corrupto. Ao entrevistá-la, o repórter pergunta se ela estava preparada para devolver todo aquele dinheiro. Madre Teresa simplesmente mostra as crianças do orfanato e diz: “O dinheiro doado está aqui, nessas crianças, pode levá-las”. Ela não teria como saber sobre a origem do dinheiro doado, no entanto, esse episódio foi apenas um entre tantos outros que poderiam fazê-la desistir. Para estar dentro das normas da sociedade, ela teve mesmo que tomar as devidas providências legais, criar uma organização não governamental, ver destruído o trabalho feito por falta de uma autorização municipal e recomeçar sempre com um sorriso.   
    
Todos os dias surgem à nossa frente pessoas dispostas a fazer o bem, ajudar os mais pobres dos pobres promovendo o resgate da dignidade humana. No seu encalço sempre existirão pessoas criticando, julgando, denunciando, dizendo que é promoção pessoal. Tudo isso é parte da história. Quem tem a consciência tranquila segue em frente, na certeza de que Deus precisa de instrumentos, que queiram ser lápis para escrever sua história aqui na Terra.   
     
Pra finalizar quero lembrar o trecho de uma música do Padre. Zezinho que marcou minha adolescência: “Eu venho aqui pedir perdão, se por acaso mereci, sofrer tamanha ingratidão quando eu pensei sempre ajudar. Mas quem não entendeu fui eu, que se esqueceu quem foi Jesus, que fez um bem maior que o meu e mesmo assim morreu na cruz”. Quem tem um projeto de vida faz acontecer. Não importa o que os outros digam ou pensem, pois no final das contas “é entre você e Deus, nunca foi entre você e as pessoas”. 
    

IV Feira Sul Mineira de Economica Solidária


 Acontecerá nos dias 09, 10,11 e 12 de dezembro em Passos, a 4ª Feira Sul Mineira de Economia Solidária, evento que vai reunir artesãos, agricultores familiares, apicultores, artistas, catadores de papel e trabalhadores reunidos em associações, cooperativas e grupos informais de todo o sul de Minas.
    

Já faz um bom tempo que tenho acompanhado a organização dos trabalhadores em Economia Solidária. Descobri o tema durante uma greve dos trabalhadores da indústria de alimentos. Na época, fiquei sabendo que na cidade de Franca, alguns empregados assumiram a gestão de uma empresa que estava à beira da falência e conseguiram recuperá-la. Anos depois, participei do 1º Encontro Estadual “Lixo e Cidadania” em Belo Horizonte. 
    
No encontro ouvi uma fala que mudou minha maneira de olhar as pessoas e a vida. Era Dona Geralda, catadora de papel da Asmare (Associação dos Catadores de Papel de BH). Dona Geralda dizia que morou com sua família durante 25 anos debaixo dos viadutos da capital mineira e sempre era acordada com os jatos d água do pessoal da limpeza que os eliminava do local.
    
Certo dia, ela foi abordada pelos agentes da Pastoral de Rua da Arquidiocese de BH. E ela relatava a fala de uma agente: “A senhora sabe que cada tonelada de papel que a senhora recolhe são 25 árvores que deixam de ser cortadas?” E dona Geralda respondeu: “Puxa, então quantas florestas já preservei em toda minha vida?”. Depois de dar iniciar aos trabalhos da Asmare, Dona Geralda foi à ONU (Organização das Nações Unidas) receber um prêmio de preservação ambiental. Dos viadutos de BH para a ONU. Hoje, Dona Geralda dá cursos para prefeitos do Brasil inteiro sobre a importância da organização dos serviços de limpeza urbana e inclusão social. Já tive orgulho de receber Dona Geralda em minha casa. Pessoas como ela dão mais sentido à nossa passagem pelo planeta Terra.
     
Dona Geralda não ficou sozinha, se reuniu com catadores de BH na Asmare. Aqui em Passos, há dez anos criamos a Cocares e uma parte dos catadores de Passos está organizada. Essa é a tal da Economia Solidária, um grupo de pessoas se une para ganhar o seu sustento através do trabalho, partilhando valores como a cooperação, solidariedade e autogestão. 
    
Não é nada fácil implantar a     Economia Solidária. É preciso abri mão do individualismo e da competição insana do capital que incentiva o lucro acima da vida. A Economia Solidária exige mudança de cultura e hábitos. É mesmo um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o meio ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio. 
     
Em 2010, a Economia Solidária foi tema da Campanha da Fraternidade com o lema: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. A 4ª Feira Sul Mineira de Economia Solidária é fruto concreto de uma sociedade diferente que começa a ser construída no sul de Minas. Já foram realizadas três feiras: Alfenas, Varginha e Pouso Alegre. Chegou a vez de Passos receber essa gente que trabalha e produz coletivamente e que faz desse trabalho coletivo o sustento de suas famílias, chegou a hora de Passos valorizar os seus artesãos, agricultores, pasteleiros, moveleiros, apicultores, catadores, artistas e toda essa gente que faz acontecer uma economia que cresce junto com a vida.
     
As inscrições para a 4ª Feira Sul Mineira de Economia Solidária estão abertas na Secretaria Municipal de Assistência Social até o dia 16 de novembro. Para maiores informações sobre como participar e contribuir para a realização da Feira, basta ligar ou enviar um e.mail para: semas@passos.mg.gov.br ou 35-3522-7446.           

Povo que é povo mesmo


Foi o povo que é povo mesmo, que trabalha de sol a sol nas lavouras, os operários das construções, as costureiras, os retireiros, os balconistas, os atendentes. Esse povo representou a expressiva votação de Dilma e merece a nossa homenagem.    
    
Noite de segunda Feira, 01 de novembro, acabo de chegar de uma minicarreata que com alguns militantes do PT em comemoração à vitória de Dilma. Um grupo de pessoas decidiu ir ao coração dos bairros da cidade, agradecer às pessoas que garantiram a vitória de Dilma. Mesmo com chuva, a carreta partiu do bairro Santa Luzia, foi ao Coimbras, seguindo pela Penha, na antiga rua do Valinho, hoje Imaculada Conceição, no São Francisco, a popular Rocinha, Nossa Senhora das Graças e lá no meio do Novo Horizonte. Caminho que estamos acostumados a fazer sempre, mas que tinha que ser feito agora de forma especial para agradecer a expressiva votação de Dilma. 
    
Foi bonito demais ver o sorriso estampado no rosto daquelas pessoas e o aplauso pra Dilma que a carreata recebia. Nesses lugares está o povo simples e trabalhador, o povo que sofre por causa do preconceito e da discriminação. Na carreata comecei a entender melhor a votação de Dilma. 
    
Esse povo voltou Dilma pra valer! Foi mesmo um verdadeiro massacre nas urnas. Votou porque sua candidatura representava a continuidade do projeto político do presidente Lula, que deu certo e melhorou a vida de muita gente. Votou porque viu em Dilma a expressão da liberdade e da consciência. Ao chegar em casa, deparei com o poema de Pedro Tierra, “500 anos esta noite”. Eis aí a melhor explicação:
    
“De onde vem essa mulher que bate à nossa porta 500 anos depois? Reconheço esse rosto estampado em pano e bandeiras e lhes digo: vem da madrugada que acendemos no coração da noite. De onde vem essa mulher que bate às portas do país dos patriarcas em nome dos que estavam famintos e agora tem pão e trabalho? Reconheço esse rosto e lhes digo: vem dos rios subterrâneos da esperança, que fecundaram o trigo e fermentaram o pão. De onde vem essa mulher que apedrejam, mas não se detém, protegida pelas mãos aflitas dos pobres que invadiram os espaços de mando? Reconheço esse rosto e lhes digo: vem do lado esquerdo do peito. Por minha boca de clamores e silêncios ecoe a voz da geração insubmissa para contar sob o sol da praça, aos que nasceram e aos que nascerão, de onde vem essa mulher. Que rosto tem, que sonhos traz? Não me falte agora a palavra que retive ou que iludiu a fúria dos carrascos durante o tempo sombrio que nos coube combater. Filha do espanto e da indignação, filha da liberdade e da coragem, recortado o rosto e o riso como centelha: metal e flor, madeira e memória. No continente de esporas de prata e rebenque, o sonho dissolve a treva espessa, recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho, afasta a força que sufoca e silencia séculos de alcova, estupro e tirania e lança luz sobre o rosto dessa mulher que bate às portas do nosso coração. As mãos do metalúrgico, as mãos da multidão inumerável moldaram na doçura do barro e no metal oculto dos sonhos a vontade e a têmpera para disputar o pais. Dilma se aparta da luz que esculpiu seu rosto ante os olhos da multidão para disputar o país, para governar o país”. 
    
Lendo o poema passeei pela história do meu país. Nesses 500 anos de exploração que o Brasil sofreu, faz só 76 anos que a mulher conquistou o direito ao voto. Hoje Dilma é a primeira mulher a assumir o comando da nação. A ditadura, tempo que é impossível esquecer, faz parte do passado. Viva a democracia, viva a consciência. 
    
Mais uma vez a carreata não terminou seu trajeto por causa do horário, ainda faltam outros bairros pra gente agradecer. Mas vamos estar sempre lá, nas nossas ações políticas, no encontro com esse povo que é povo mesmo.

CRAS Novo Horizonte


Sempre tive o sonho de poder realizar algo para transformar a realidade das localidades mais pobres de minha cidade. Há muito tempo gosto de andar, propor iniciativas, conversar com os moradores de regiões como o bairro Novo Horizonte, Rua Imaculada Conceição (Valinho) e a popular Rocinha.
   
Na minha juventude, gostava de ver o nascer do sol no alto da Igrejinha de São Francisco. De um lado a cidade que crescia, do outro lado, ao pé do morro, a simplicidade do povo trazia marcas questionadoras. Quem dividira a cidade assim, entre ricos e pobres? O sol se punha e eu pensava em escrever um livro sobre o tema. Não deu em nada, mas continuei a acompanhar a vida dessa gente humilde. O sentimento se expressava na musica do Vinicius de Moraes. “E aí me dá uma tristeza no meu peito, feito um despeito de eu não ter como lutar e eu que não creio peço a Deus por minha gente, é gente humilde que vontade de chorar”. 
    
É bom ter cuidado com aquilo que a gente pede em oração, pois pedido atendido, compromisso assumido. A servir como instrumento de transformação cá estou, Secretário Municipal de Assistência Social. O nome do cargo é extenso e o serviço e os desafios são muitos. Melhor é que Deus não deixa mesmo a gente sozinho, sempre manda alguém, uma boa equipe, pra te ajudar a colocar a mão no arado e não olhar pra trás.   
      
Na próxima quinta-feira, 28 de outubro de 2010, nossa Equipe da Secretaria Municipal de Assistência Social vai inaugurar o CRAS III, Centro de Referência de Assistência Social, no bairro Novo Horizonte em Passos. O Cras é uma unidade publica estatal descentralizada da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). O Cras atua como a principal porta de ent4rada do Sistema Único de Assistência Social (Suas), e é responsável pela organização e oferta de serviços de Proteção Social Básica nas áreas de vulnerabilidade e risco social.  
      
A implantação do CRAS III traz uma série de mudanças na promoção da política de assistência social em nossa cidade. Acaba o “Plantão Social” que até então era feito na sede da Secretaria. Os serviços são ofertados no Cras I, na rua Pitangui, bairro Penha, que já tem uma extensão na região dos Valinhos, Cras II, rua Guaporé, no Santa Luzia e no Cras III, no Novo Horizonte. 
Cada Cras tem uma equipe técnica formada por um coordenadora, assistente social, psicóloga e educadores sociais.  O principal serviço ofertado pelo Cras é o serviço de Proteção de Atendimento Integral à Família (Paif) cuja execução é obrigatória e exclusiva.      

Este consiste num trabalho de caráter continuado que visa fortalecer a função protetiva das famílias, prevenindo a ruptura de vínculos, promovendo o acesso e usufruto de direitos e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. Nos Cras, as famílias em vulnerabilidade são recebidas e atendidas através de diversos procedimentos (entrevista, visita domiciliar), são realizadas palestras educativas e oficinas, grupos de convivência de crianças, adolescentes e idosos, , o acesso aos documentos civis e benefícios fundamentais para o exercício da cidadania, o encaminhamento para os programas socioassistenciais, o acesso aos direitos sociais e à informação, buscando sempre o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. 
     
Junto ao Cras III já iniciamos dois novos núcleos do ProJovem adolescente em Passos. Agora são seis núcleos oferecendo cidadania aos nossos adolescentes. O Cras é prevenção social e promoção da família, é uma verdadeira revolução social silenciosa.
    
No ano passado, tivemos a oportunidade de receber o Ministro Patrus Ananias para a inauguração da nova sede da Secretaria, do Creas e do ProJovem na Penha. Na inauguração do Cras Novo Horizonte teremos o privilégio de receber a Ministra Márcia Lopes. Rompendo com o assistencialismo, promovendo o ser humano.
    

A religião e o voto

 “Eu não acredito que se deva votar por motivação religiosa. Mas se alguém quer decidir o voto em função da religião, deve, no mínimo, ser coerente com sua crença.  Portanto, quem é cristão (seja católico ou evangélico), precisa, em primeiro lugar, não dar ouvido ao Caluniador. Todo mundo sabe que é especialidade de Satanás acusar, denegrir e destruir. Portanto, candidato que se faz a peso de caluniar, difamar, denegrir e desconstruir a reputação do adversário não deve merecer voto de cristão senão se estará dando ouvido ao Caluniador (estar-se-e dando voto a quem age como Satanás).
     
Depois, o cristão deveria votar no candidato que tivesse uma conduta mais parecida com a de Cristo. Isto quer dizer que o cristão deve votar apenas em quem tem uma opção muito clara pelos menos favorecidos. Então todo aquele que critica(va) as políticas em favor dos mais pobres não merece o voto do cristão (Cristo sempre optou pelos mais pobres). O cristão deve votar naquele que trata com dignidade os excluídos, os “perdidos” pois Cristo respeitou a dignidade da prostituta (equivalente daquela época aos homossexuais, os drogados e traficantes de hoje). 
     
Sobretudo, o cristão deve levar em conta que Cristo, com seu discurso e atitude em favor das camadas mais humildes foi perseguido e caluniado pelos poderosos e pelos bajuladores dos poderosos. Certamente hoje seria acusado de comunista e terrorista, de ser amigo de prostitutas e outros pecadores “perdidos”.
      
Na hora de definir o voto por questões religiosas, o cristão deve se lembrar da Parábola do Bom Samaritano (vide Lucas, 10, 25-37) e ver que quem mais agrada a Cristo é quem tem uma opção muito clara pelos mais pobres, que vem de um grupo político que executa políticas em favor preferencialmente dos mais necessitados e que não faz campanha com infâmias e boatos maledicentes.
      
E não se pode esquecer que a direita religiosa elegeu Bush com o argumento de que Al Gore era a favor do aborto, no entanto Bush promoveu duas guerras que mataram mais pessoas e geraram ódio mais que os abomináveis abortos nos EEUU e arruinou a Economia americana, levando desespero ao seu povo. Por outro lado, Barak Obama, que chegou a fazer discurso criticando o uso da Bíblia para fundamentar convicções política, está universalizando o atendimento à saúde, o que vai curar as feridas de muitos desamparados e feridos.
      
Antes de decidir com critérios religiosos o voto é preciso lembrar que não se está elegendo pessoas para assuntos religiosos. Mas, se ainda assim, o critério de decisão de voto do cristão for a religião, que pelo menos não seja por aspectos superficiais mas pela essência  que é a clara e inequívoca opção pelos mais pobres e que não se dê ouvidos ao Caluniador, à boataria infamante”
     
Esse belo artigo é de autoria do amigo Mauro Bueno. Da minha parte fica apenas o comentário: Sou Cristão, voto Dilma Presidente! Meu voto não tem caráter meramente religioso. Voto Dilma porque vejo nela a única possibilidade de dar continuidade ao projeto de desenvolvimento econômico e inclusão social que, apenas em oito anos, já mudou a cara do Brasil. Tenho recebido vários e.mails espalhando boatos e mentiras contra Dilma. Já assisti esse filme nas primeiras campanhas de Lula. Aos boateiros e caluniadores de plantão, eu digo: “Xô Satanás!”

Deputados eleitos


Fiquei feliz com a eleição de Cássio Soares para a Assembléia Legislativa. Jovem e com muita disposição de trabalho, acredito que ele será um representante à altura dos anseios da nossa comunidade. Sempre mantive um bom contato com Cássio e sei que, da parte dele existe reciprocidade na admiração pelo trabalho a serviço da coletividade. Fiquei muito feliz também com a reeleição do amigo e companheiro Odair Cunha para a Câmara dos Deputados. Trabalhai como assessor parlamentar do Deputado Odair durante três anos e sou testemunha do seu dinamismo. Depois, quando assumi a Secretaria de Assistência Social em Passos sempre recebi o seu apoio incondicional. 
    
O primeiro compromisso assumido por Odair, ainda na campanha municipal de 2008 foi a vinda do Instituto Federal Tecnológico para Passos. Promessa cumprida! Lembro como se fosse hoje, quando decidi pelo local do Escritório de Odair: nas imediações da antiga rodoviária. Meu sonho é que não somente aquela região seja valorizada, mas também as pessoas que vivem ali sejam resgatadas. Falei ao Deputado sobre a importância da reforma do mercadão para a construção de um centro de economia solidária e meses depois ele me ligava dizendo que os recursos no valor de 897 mil reais já estavam empenhados no Ministério do Turismo. Em seguida veio o projeto do restaurante popular e lá estava Passos entre os três municípios mineiros a ter o restaurante aprovado. Noutros projetos ele tem ajudado muito e outro amigo, o professor Dimas também tem dado a sua contribuição como um verdadeiro expert em projetos.  
    
Acredito que se os lideres políticos de Passos souberem trabalhar unidos, pelo bem da coletividade, nossa cidade vai conseguir muitos outros benefícios. Mas para isso é preciso deixar de lado a vaidade e aquele pensamento mesquinho: “Ah, eu não vou permitir isso porque senão o fulano vai crescer politicamente”. Ora, quando a cidade recebe benefícios quem cresce é a cidade! Desde o inicio da atual administração tenho trabalhado muito e, encerrada a eleição, confesso que estou com ânimo redobrado para trabalhar ainda muito mais por Passos. Visando o interesse coletivo, sei que poderei contar tanto com Odair Cunha quanto com Cássio Soares. 
    
Não escrevo para fazer média com ninguém porque os dois me conhecem. Essa é a minha sincera opinião!  
    
Depois de uma semana de férias na Secretaria de Assistência Social retornei aos trabalhos participando da missa com as crianças do CAPP, Centro de Aprendizagem Pro-Menor de Passos. Daqui a pouco estou indo visitar o ProJovem que já começou no bairro Novo Horizonte e quero ainda acelerar os trabalhos para a implantação do CRAS naquela região. Mudar a face da política de assistência social em Passos, acabar com o assistencialismo e com o favor político é uma atitude que está dando certo. Como é bonito sentir que as pessoas estão deixando de ser pedintes para se tornar sujeitos. A verdadeira assistência social é a promoção da emancipação de ser humano e não há obra maior do que esta.  
    
A emancipação das lideranças políticas visando o pensamento coletivo e o bem de todos, independemente da religião e do partido político também é outra construção que cada um deve assumir na sociedade.       
    
Sei que juntos, sociedade e poder publico podem fazer muito. Basta que o preconceito dê lugar à solidariedade.

A pessoa que passa e zomba


Tenho pena, quando vejo uma pessoa deitada na sarjeta alcoolizada ou drogada e alguém passa e zomba dizendo que é um vagabundo, Tenho pena daquele que passa e zomba. Na sua ignorância a pessoa que aponta o dedo e acusa, desconhece que o outro, na sarjeta, é uma vítima da droga, do álcool e a ajuda que precisa não é esmola, nem piedade, ele precisa muito de oportunidade.
        
A pessoa que passa e zomba desconhece que o usuário de drogas tem transtornos mentais que o levaram a estar numa situação de rua e que, nessa situação, a oportunidade que ele mais precisa é o tratamento.  
    
A pessoa que passa e zomba também finge desconhecer que o álcool, vendido em tantos botecos e casas na cidade, é a porta de entrada para as outras drogas. Digo que finge desconhecer porque é impossível que alguém ainda não saiba disso. Finge desconhecer porque ainda pensa que essa é uma hipótese absurda, pois muita gente bebe socialmente e não cai nas ruas, nem mora nas praças.
    
A pessoa que passa e zomba desconhece que o crack é uma droga tão devastadora que vicia logo na primeira vez. O cérebro da pessoa que usa álcool e crack sofre danos irreparáveis, a saúde fica debilitada e a vida se transforma em momentos intermináveis de dor e sofrimento. Outro dia, atendi um pai que queria matar os seus dois filhos porque não agüentava mais os transtornos que eles causavam. Mentiam, roubavam e vendiam todos os objetos e utensílios da própria casa por uma pedra de crack. Nenhum pai ou mãe por mais amor que tenha nos seus filhos consegue resolver sozinhos um problema desses. Assim, muitas pessoas saem de casa e vão morar nas ruas, porque a convivência se torna impossível. E muita gente simplesmente passa e zomba.   
    
Pessoas jogadas nas ruas são espelhos de uma sociedade individualista que ainda privilegia o lucro acima da vida, cujos valores se limitam às aparências, ao ter acima do ser Mas não escrevo este artigo para recriminar ninguém e só pra ficar apontando mais culpados pela situação. Escrevo para convocar a sociedade e o poder publico para agir e mudar essa realidade.
    
Gosto muito daquela comparação que diz que o traficante é o peixe e os usuários de droga são a água. Se tiramos a água, o peixe morre. O que nós estamos fazendo para diminuir o número de usuários de droga? Dar esmola para comprar a pinga, por dó ou piedade, é o pior caminho. Quem ganha com isso é apenas o dono do alambique ou do bar. Outro dia, recebi uma reclamação sobre moradores de rua num determinado espaço da cidade. No local, há um bar que vende pinga para os moradores de rua. E fiquei pensando até quando vou ter que ouvir esse tipo de reclamação. E aqui me atrevo a dizer que é preciso rigor na fiscalização dos bares espalhados pela cidade, saber qual é a origem da cachaça que é vendida nas casas. É preciso que alguém, que não se importe com o desgaste político, elabore uma lei que proíba a venda de bebidas alcoólicas em postos de gasolina. Se o álcool é a porta de entrada para as outras drogas é preciso fazer muita coisa para diminuir o consumo de álcool.
    
É preciso ajudar na estruturação das clinicas de tratamento para dependentes químicos. É preciso implantar os serviços de assistência social, saúde e educação, que permitem o tratamento e recuperação. A implantação dos Centro de Apoio Psicossocial para alcoólicos e drogaditos e do Serviço de Atendimento à População de Rua numa parceria entre os setores da saúde e assistência social, a experiência da Casa Solidária, que abriga pessoas em situação de rua, são ações que trazem bons resultados. 
    
Sei que juntos, sociedade e poder publico podem fazer muito. Basta que o preconceito dê lugar à solidariedade.

Revoluções silenciosas


Acredito nas revoluções silenciosas, nas revoluções em que ninguém precisa pegar em armas, onde ninguém precisa matar ou morrer. A atitude revolucionária que acredito e faço não surge de uma revolta interior, não vem do ódio nem da vingança, mas nasce da insatisfação de ver as coisas como estão, da vontade de transformação que é traduzida pelo amor e é colocada em prática numa ação pacificadora. A paz e o amor são revolucionários!
       
Se o mundo está tão cheio de injustiças, se a fome campeia, se a miséria aumenta e a morte ronda, não adianta ficar por aí blasfemando, culpando e sofrendo. É preciso agir com amor para transformar. Só que o amor não permite hipóteses. “Eu faço isso se você me der aquilo”. O amor é gratuito, se não for gratuito não é amor, se não for amor não revoluciona, não transforme e  não permanece.
          
Como é belo o poema do Apóstolo Paulo: “O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo”.  
         
Muitas pessoas andam desiludidas, pessimistas e incrédulas diante da competição desenfreada, da disputa insana e do egoísmo. No entanto, é impossível assistir passivamente a destruição do homem pelo homem. É urgente fazer a revolução da paz, a transformação das consciências. É urgente contra atacar o individualismo com atitudes coletivas, o egoísmo com a fraternidade, a repressão com a liberdade responsável. Quem já tentou fazer isso sabe como são duradouros os resultados.
        
Quem estiver disposto a fazer revoluções silenciosas precisa ser paciente, querer fazer o bem, não ter inveja, não se inchar de orgulho, não se envergonhar do que faz nem do que os outros disserem, não agir por interesse, não se enraivecer ou encolerizar quando alguém deturpar os fatos e insistir em destruir o que está sendo feito. Os resultados das revoluções silenciosas não podem ser destruídos porque brotam e frutificam no amor. Quem estiver disposto às revoluções silenciosas não tem pressa porque sabe que a própria vida é uma revolução.  
        
Perdi o sono e estou escrevendo este artigo, são duas horas da manhã. E eu que não sei ficar quieto resolvi sair por aí. Simplesmente porque tem gente morando nas ruas, tem gente morrendo de fome e é impossível ficar quieto, inadmissível estar sozinho. Quero a inquietude, a igualdade e a solidariedade. E aí? Topas fazer uma revolução?
        
Já vou antecipando que muita gente não vai entender nada. Vão dizer que é política. Sempre tem alguém dizendo: “Ih! Isso é política”. No começo eu ficava acabrunhado, humilhado e de certa maneira oprimido com essas colocações. “Política, política, política...” Depois descobri que tudo é política, até a omissão é uma atitude política. Aí decidi não me importar mais para o que as pessoas pensam ou falam. O que importa é consciência que temos sobre as nossas ações...
       
As revoluções silenciosas comandadas pela consciência do amor fraterno constroem obras significativas e indestrutíveis. Obras que não são medidas pelo seu tamanho nem pela sua arquitetura, mas pelo significado na vida das pessoas. As revoluções silenciosas acontecem todos os dias e suas bandeiras ficam invisíveis porque são hasteadas nos corações de todos os que atuam, de todos os que fazem a guerra pacificadora da transformação da vida.
       
Jesus Cristo, o maior revolucionário, continua dizendo que veio para que todos tenham vida. Muitos lembram de Jesus mas fogem na hora de seguir seu exemplo.