quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Revoluções silenciosas


Acredito nas revoluções silenciosas, nas revoluções em que ninguém precisa pegar em armas, onde ninguém precisa matar ou morrer. A atitude revolucionária que acredito e faço não surge de uma revolta interior, não vem do ódio nem da vingança, mas nasce da insatisfação de ver as coisas como estão, da vontade de transformação que é traduzida pelo amor e é colocada em prática numa ação pacificadora. A paz e o amor são revolucionários!
       
Se o mundo está tão cheio de injustiças, se a fome campeia, se a miséria aumenta e a morte ronda, não adianta ficar por aí blasfemando, culpando e sofrendo. É preciso agir com amor para transformar. Só que o amor não permite hipóteses. “Eu faço isso se você me der aquilo”. O amor é gratuito, se não for gratuito não é amor, se não for amor não revoluciona, não transforme e  não permanece.
          
Como é belo o poema do Apóstolo Paulo: “O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo”.  
         
Muitas pessoas andam desiludidas, pessimistas e incrédulas diante da competição desenfreada, da disputa insana e do egoísmo. No entanto, é impossível assistir passivamente a destruição do homem pelo homem. É urgente fazer a revolução da paz, a transformação das consciências. É urgente contra atacar o individualismo com atitudes coletivas, o egoísmo com a fraternidade, a repressão com a liberdade responsável. Quem já tentou fazer isso sabe como são duradouros os resultados.
        
Quem estiver disposto a fazer revoluções silenciosas precisa ser paciente, querer fazer o bem, não ter inveja, não se inchar de orgulho, não se envergonhar do que faz nem do que os outros disserem, não agir por interesse, não se enraivecer ou encolerizar quando alguém deturpar os fatos e insistir em destruir o que está sendo feito. Os resultados das revoluções silenciosas não podem ser destruídos porque brotam e frutificam no amor. Quem estiver disposto às revoluções silenciosas não tem pressa porque sabe que a própria vida é uma revolução.  
        
Perdi o sono e estou escrevendo este artigo, são duas horas da manhã. E eu que não sei ficar quieto resolvi sair por aí. Simplesmente porque tem gente morando nas ruas, tem gente morrendo de fome e é impossível ficar quieto, inadmissível estar sozinho. Quero a inquietude, a igualdade e a solidariedade. E aí? Topas fazer uma revolução?
        
Já vou antecipando que muita gente não vai entender nada. Vão dizer que é política. Sempre tem alguém dizendo: “Ih! Isso é política”. No começo eu ficava acabrunhado, humilhado e de certa maneira oprimido com essas colocações. “Política, política, política...” Depois descobri que tudo é política, até a omissão é uma atitude política. Aí decidi não me importar mais para o que as pessoas pensam ou falam. O que importa é consciência que temos sobre as nossas ações...
       
As revoluções silenciosas comandadas pela consciência do amor fraterno constroem obras significativas e indestrutíveis. Obras que não são medidas pelo seu tamanho nem pela sua arquitetura, mas pelo significado na vida das pessoas. As revoluções silenciosas acontecem todos os dias e suas bandeiras ficam invisíveis porque são hasteadas nos corações de todos os que atuam, de todos os que fazem a guerra pacificadora da transformação da vida.
       
Jesus Cristo, o maior revolucionário, continua dizendo que veio para que todos tenham vida. Muitos lembram de Jesus mas fogem na hora de seguir seu exemplo.

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